Detalhamento do verbete e outras informações técnicas


Mauro de Salles Villar

 

 

 

 

33 Etnônimos da antropologia brasileira

Os designativos de grupos indígenas, atuais ou extintos, localizados em território brasileiro, assim como o de suas respectivas línguas ou grupos de línguas (famílias ou troncos) foram colhidos em obras contemporâneas das literaturas antropológica e lingüística cujos títulos se encontram relacionados, no fim deste dicionário, na bibliografia geral compulsada. Outra fonte foram documentos da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). A opção da forma com que os etnônimos brasílicos e seus termos lingüísticos correlatos foram aqui registrados seguiu a ortografia mais freqüentemente encontrada nas citadas fontes. Muitos grupos indígenas e lingüísticos, porém, deixaram de ser incluídos por insuficiência de informação na literatura especializada. Tampouco foram cobertas exaustivamente as variantes ortográficas dos etnônimos registrados e as denominações referentes a subgrupos nomeados a partir de grupos maiores, grupos clânicos ou grupos dialetais. A extensão e variedade de tais registros, que é bastante considerável, extrapola o âmbito do projeto de averbação lingüística de dicionários de língua geral, como este.

33.1 A definição dos verbetes desse gênero encontra-se nas entradas de suas formas correntes na língua portuguesa e não naquelas com as grafias preconizadas pelas fontes especializadas antropológicas e lingüísticas. Em todos os casos, porém, registrou-se dentro de cada um desses verbetes, o etnônimo brasílico a ele correspondente e abriram-se verbetes autônomos de alguns etnônimos brasílicos com sua grafia específica, quando sua inserção na nominata não fosse imediatamente a seguir ao verbete definidor:

33.1.1 Etnônimo brasílico é cada um dos vocábulos que designam os grupos indígenas nacionais utilizando uma grafia especial, cujas regras foram estabelecidas por antropólogos e lingüistas originalmente na "convenção para grafia de nomes tribais", assinada pela maioria dos participantes da 1ª Reunião Brasileira de Antropologia, Rio de Janeiro, novembro de 1953, e de que constam 22 preceitos (usam-se, por exemplo, iniciais maiúsculas; letras K, W, Y; não há flexão de número ou gênero quer no uso da palavra como substantivo, quer como adjetivo etc.) [Ver 33.6.]


33.2 Não é incomum que certos etnônimos sejam considerados depreciativos ou insultantes pelos povos aos quais se referem. A eventual introdução de alguns deles em nossa nominata deve-se ao fato de efetivamente identificarem grupos na literatura, especializada ou não. Sua inclusão visou, ainda, auxiliar os leitores na obtenção de informações preliminares sobre tais grupos.

33.3 Para a maior parte dos etnônimos, foram apresentadas a localização e a filiação lingüística do grupo referido. Com relação aos grupos atuais, a sua localização foi informada por menção às áreas, parques, reservas ou terras indígenas que habitam e ao estado ou estados brasileiros em que estas se situam. Algumas vezes em que a enunciação minuciosa das Áreas Indígenas em que determinado grupo vive atingiu extensão que nos pareceu excessiva, seus nomes foram suprimidos, passando-se então a indicar apenas o seu número total:

33.4 Quando o grupo habita também regiões que estão fora do território brasileiro, indicou-se apenas o nome do país em que isso ocorria, sem maiores delimitações. Já para os grupos históricos, ou seja, aqueles a que hoje ninguém se diz pertencente, a localização é informada por meio de referências geográficas, especialmente rios, e pelo estado ou estados brasileiros respectivos.

33.5 Alguns etnônimos receberam tratamento diferenciado por haverem sido usados na literatura, especializada ou não, como se se referissem a um único grupo indígena, quando designavam na realidade grupos distintos lingüística e culturalmente:

33.6 Tal como os etnônimos brasílicos, alguns gentílicos e palavras referentes à etnologia, lingüística e antropologia gozam de estatuto especial dentro da língua quanto à grafia e pluralização, tendo recebido neste dicionário tratamento de termos universais e não de palavras estrangeiras.